Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook x Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Em dois anos, mais de 3 mil mandados judiciais foram cumpridos contra facções no Piauí

Em entrevista, o coordenador do DRACO, delegado Charles Pessoa, faz um balanço das ações e avalia os resultados do combate ao crime organizado.

05/05/2025 às 08h27

Criado em março de 2023 para combater as facções criminosas que se instalam no Piauí, o Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) já cumpriu mais de 3 mil mandados judiciais. Os números são referentes ao período que vai da data de criação do departamento até este mês de abril de 2025. Entre as ordens judiciais cumpridas há mandados de busca e apreensão e mandados de prisão preventivas e temporárias contra integrantes de facções criminosas, principalmente em Teresina.

Em dois anos, mais de 3 mil mandados judiciais foram cumpridos contra facções no Piauí - (Divulgação/SSP-PI) Divulgação/SSP-PI
Em dois anos, mais de 3 mil mandados judiciais foram cumpridos contra facções no Piauí

Em entrevista à reportagem de O Dia, o coordenador do DRACO, delegado Charles Pessoa, avaliou os resultados obtidos até aqui e lembrou que, no atual momento, as facções criminosas são o maior problema da segurança pública nacional.

“É um resultado eficiente que tem contribuído com a redução dos números da criminalidade no Piauí. A gente sabe que as facções hoje representam o maior problema da segurança pública brasileira e desenvolvemos uma metodologia de combate que é uma das mais eficientes do Brasil. Ela foi desenhada com base em estudos, em dados, em ciência. Hoje, se formos fazer um comparativo, mesmo existindo ainda a presença destas células de facções no Piauí, elas estão muito enfraquecidas comparando ao ano de 2022 e início de 2023”, diz Charles Pessoa.

Delegado Charles Pessoa, coordenador do DRACO - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Delegado Charles Pessoa, coordenador do DRACO

Para intensificar o combate à criminalidade, a Segurança Pública busca trabalhar em duas frentes: a prevenção e a repressão. Os dois métodos andam lado a lado e são resultado de um trabalho de Inteligência e monitoramento que se mostra à população por meio das prisões. O coordenador do DRACO explica que a repressão está na retirada de faccionados das ruas e que a prevenção trabalha, sobretudo, com foco na principal arma destes grupos: o que ele chama de “comunicação sedutora”.

Recentemente, as ações da Segurança Pública no Piauí têm mirado personalidades na internet que compartilham ideias e estilos de vida, segundo Charles Pessoa, “para limpar a imagem do crime”. É uma comunicação que, de acordo com o delegado, é pensada para atrair os jovens, principalmente os da periferia, “vendendo uma falsa imagem de que o crime compensa”.

“Infelizmente hoje a comunicação traz um resultado positivo para as facções criminosas e a gente tem que atuar para evitar que essa cultura, essa ideologia destes grupos, seja ainda mais disseminada. A Segurança Pública observou isso e estamos atuando para cortar este elo de comunicação de criminosos com essas pessoas. São pessoas que usam as redes sociais, algumas delas se apresentando como influenciadores, para disseminar essa cultura do lado bom da criminalidade. E isso por orientação das próprias facções. Mas o que não é bom, eles não mostram”, pontua o delegado.

Em dois anos, mais de 3 mil mandados judiciais foram cumpridos contra facções no Piauí - (Pedro Cardoso/O Dia) Pedro Cardoso/O Dia
Em dois anos, mais de 3 mil mandados judiciais foram cumpridos contra facções no Piauí

As facções criminosas que atuam no Piauí já foram alvo de 210 operações desde março de 2023 até abril de 2025. A média é de quase nove ações por mês com mais de 115 mandados judiciais cumpridos a cada 30 dias. Em algumas destas operações, figuras conhecidas na internet teresinense foram alvos, como a jovem Maria Eduarda Sousa, conhecida como “Charmosinha do 15”, presa em março suspeita de apologia ao crime nas redes sociais, e a blogueira Ana Azevedo, presa no final de abril na Operação Faixa Rosa, que mirou justamente em mulheres suspeitas de integrarem facções.

O coordenador do DRACO comenta que o que alimenta estes grupos criminosos é uma “falsa sensação de pertencimento”.

“Os indivíduos se sentem parte de um determinado grupo que começa a compartilhar de uma mesma ideologia. O que a Segurança Pública tem que combater, infelizmente, é esta crença de que se você entrar em uma facção, vai ter aquele estilo de vida que sempre sonhou, quando na verdade o fim pode ser outro completamente diferente. As facções vendem que o crime compensa. A polícia tem que mostrar que não. Como? Prendendo quem dissemina esse pensamento e enfraquecendo estes grupos”, finaliza Charles Pessoa.

Segundo a Polícia Civil, no Piauí há pelo menos três grandes facções na disputa por território além de algumas células menores. São elas o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Bonde dos 40 (B40) e o Comando Vermelho.


Você quer estar por dentro de todas as novidades do Piauí, do Brasil e do mundo? Siga o Instagram do Sistema O Dia e entre no nosso canal do WhatsApp se mantenha atualizado com as últimas notícias. Siga, curta e acompanhe o líder de credibilidade também na internet.