Mesmo após o encerramento da paralisação dos trabalhadores dos Correios, os atrasos nas entregas continuam gerando transtornos em todo o país. No Piauí, consumidores relatam problemas semelhantes: encomendas que não chegam no prazo, rastreamentos sem previsão de entrega e falta de informações concretas sobre o paradeiro dos pacotes.
As reclamações têm crescido nas redes sociais e em sites como o Reclame Aqui, que registrou cerca de 200 queixas contra a estatal em apenas uma hora no último dia 22 de maio.

No estado, os relatos são de atrasos superiores a uma semana. “Comprei alguns suplementos pela internet e eles demoraram quase duas semanas para chegar. Entrei em contato com a loja, mas me informaram que o produto já havia sido enviado e que o problema era com a transportadora”, disse um leitor do Portal O Dia, que preferiu não se identificar.
Outro problema recorrente apontado por consumidores é a instabilidade do rastreamento. Em muitos casos, os pacotes simplesmente deixam de apresentar qualquer estimativa de entrega. Foi o que aconteceu com a consultora de empresas Cibele Costa.
“Estou revoltada com os Correios. Um pacote foi enviado no dia 25 de abril e, quando recebi o código de rastreio, a previsão era para o dia 12 de maio. No dia 11, entrei no site para verificar, e a previsão havia sumido. O pacote estava no mesmo lugar, sem qualquer movimentação. Depois de mais de um mês, fui à agência dos Correios e me disseram exatamente o que já constava no sistema: que o pacote está 'no caminho', mas sem previsão de entrega. Ninguém sabe de nada", relatou.
Segundo informações apuradas pelo O Dia, o problema teve início com o atraso nos pagamentos às transportadoras terceirizadas que prestam serviços logísticos aos Correios. No dia 1º de maio, as empresas anunciaram suspensão total das atividades, alegando inadimplência da estatal desde janeiro. A paralisação se baseia na Lei 14.133/2021, que permite a interrupção de contratos diante da falta de pagamento por parte do contratante.
Em nota, as transportadoras afirmaram que “as empresas não receberam seus faturamentos de janeiro de 2025, o que torna impossível continuar executando os serviços de cargas e entregas em âmbito nacional”. Além disso, “houve descumprimento das datas previstas para pagamento, que deveriam ocorrer nos dias 16 e 28 dos meses subsequentes”

Em resposta ao O Dia, os Correios afirmaram que 90% das encomendas estão sendo entregues dentro do prazo. Segundo a empresa, os contratos com prestadores de serviço logístico estão sendo regularizados, o que deve contribuir para a normalização gradual das operações, inclusive no Piauí.
“Os contratos que estavam sendo revistos com as empresas prestadoras de serviço já foram, em sua maioria, ajustados e retomaram suas atividades. Ainda existem casos pontuais, mas uma empresa do porte dos Correios, com contratos de abrangência nacional, acaba sofrendo impactos em todas as regiões. A expectativa é que a situação esteja totalmente normalizada em até 15 dias”, informou a estatal por meio da assessoria de imprensa.
A empresa também reconhece que enfrenta um momento financeiro delicado. Em 9 de maio, divulgou um relatório que apontou prejuízo de R$ 2,6 bilhões apenas em 2024, reflexo de uma crise enfrentada há anos. Como resposta, os Correios anunciaram um pacote de contenção de gastos com meta de economizar R$ 1,5 bilhão ainda este ano, incluindo suspensão de férias, redução de jornada de trabalho e cortes salariais.
Surpreendidos pelo anúncio das medidas de contenção, representantes da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect) anunciaram que tomarão medidas jurídicas imediatas para reverter as decisões.
Além disso, os sindicalistas pretendem lançar, no próximo dia 21 de maio, o Comitê em Defesa dos Correios, composto por representantes de sindicatos de todo o país. O objetivo é pressionar o Congresso Nacional e buscar uma audiência direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar a realidade enfrentada pelos trabalhadores da estatal.
O sindicato afirma que a empresa precisa urgentemente de um plano de investimentos do governo federal para manter sua capacidade de operação e competir com empresas privadas do setor logístico. Em carta divulgada à imprensa, o grupo também deixou um recado político:
“Não aceitaremos retrocessos ou retirada de direitos. Elegemos este governo com a esperança de reconstruir tudo o que foi desmontado nos últimos anos e seguiremos firmes na luta para que isso se concretize.”
Veja nota oficial dos Correios
O serviço de entrega dos Correios segue operando em todo o país. Para algumas situações pontuais e temporárias, a empresa está adotando medidas que estão garantindo a continuidade das entregas.
Situações específicas devem ser reportadas à empresa por meio dos canais oficiais de relacionamento para serem averiguadas e solucionadas.
A empresa segue à disposição dos clientes pelos telefones 3003-0100 e 0800 725 7282, pelo Chat ou Fale Conosco no site https://www.correios.com.br
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