Teresina será sede, pela primeira vez, do Regional Nordeste de Futebol de Cegos, competição organizada desde 2011 pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV). A partir da próxima segunda-feira, dia 12 de maio, a Arena Verdão receberá 13 equipes de seis estados diferentes da região – Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Piauí – que brigam por uma vaga no Campeonato Brasileiro - Série B deste ano. A competição vai até o próximo dia 17 e a entrada no ginásio é gratuita.

Assis Fernandes / O Dia

Brasileiro de Judô será realizado no Verdão neste fim de semana.

Atual tricampeã, a APACE-PB (Associação Paraibana de Cegos) terá a difícil missão de se manter no topo mesmo com a perda de suas principais estrelas: o goleiro Matheus Costa segue se recuperando de um câncer, o ala Maicon trocou de camisa e foi para São Paulo defender o Corinthians e o goleador Jardiel ou recentemente por uma cirurgia no joelho direito. Vale lembrar que o trio esteve com a Seleção Brasileira na campanha do bronze nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Mesmo com tantas mudanças, o time vem conseguindo se reestruturar e, neste último fim de semana, ganhou suas duas partidas na Liga Nacional Loterias Caixa – já é o terceiro colocado da competição.

Representante piauiense na competição, a ACEP/ICCE - que possui membros da Associação dos Cegos do Piauí e Instituto dos Cegos Casa da Esperança - tem treinado há um ano visando a competição. E por jogar em casa, quer surpreender no torneio. Por isso, montou um time com os principais nomes do futebol de cegos do Piauí. Confira os atletas da equipe piauiense:

• Técnico

Givaldo Siqueira Da Silva Júnior

• Goleiros

Alleson Luiz De Carvalho Amorim

Anderson Gabriel Abreu Ferreira

• Atletas de linha

Esley Freitas De Sá

Francisco Alexandre Dos Santos

Gladson Eduardo Severino De Souza

José Henrique Carvalho De Sousa

Marcelo Eduardo Aguilar

Marivaldo Moreira Da Conceição

Paulo Henrique Mendes Moreno

Thailan Costa Santana

Como funcionará a competição?

O Regional Nordeste conta com três grupos, sendo dois com quatro equipes e um com cinco. Todos jogam entre si nas chaves em turno único. Classificam-se às quartas de final os oito melhores colocados no geral, independentemente do grupo a que pertençam. Os piauienses poderão acompanhar duas equipes da casa em ação: a ACEP/ICCE, junção da Associação dos Cegos do Piauí com o Instituto dos Cegos Casa da Esperança, que disputaram a edição ada. Outra equipe que também vai representar o estado é o NEACEP (Núcleo Esportivo da Associação dos Cegos do Piauí).

Confira os grupos:

• GRUPO A

APACE-PB (Associação Paraibana de Cegos)

ACEP/ICCE-PI (Associação dos Cegos do Piauí e Instituto

dos Cegos Casa da Esperança)

AF-PE (Associação Futsal de Cegos de Pernambuco)

SORTEIO 3*

• GRUPO B

ADESUL-CE (Associação D'Eficiência Superando Limites)

ESCEMA-MA (Escola de Cegos do Maranhão)

APID-PB (Associação Paraibana de Inclusão aos

Deficientes)

SORTEIO 2*

• GRUPO C

CEDEMAC-MA (Centro Desportivo Maranhense de Cegos)

AJECE-BA (Associação Jequieense de Cegos)

ADESUL-CE (sub-23) (Associação D'Eficiência Superando

Limites)

SORTEIO 1*

SORTEIO 4*

Participarão do sorteio:

CRP-PB (Clube Real Paralímpico)

CSU/ASA-PE (Associação Social de Acolhimento Dr. Geraldo

Coelho)

ICB VITÓRIA-BA (Instituto de Cegos da Bahia)

NEACEP-PI (Núcleo Esportivo da Associação dos Cegos do

Piauí)

A equipe mais bem colocada do Regional, exceto as que já fazem parte da Série A (APACE, APADEVI, ADESUL e CEDEMAC) ou da Série B (ESCEMA), garante vaga para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro 2025, que será disputado em setembro, em São Paulo. Na prática, as oito equipes brigarão por essa vaga. O ACEP/ICCE estreia na próxima segunda (12) contra o AF, de Pernambuco.

Jogo 04

ACEP/ICCE X AF-PE (12/05, às 13h, no Verdão).

Como funciona o futebol de cegos?

Caio Rocha/CBDV

Partida de futebol de cegos.

O futebol de cegos é uma modalidade paralímpica adaptada para atletas com deficiência visual. Ele segue regras específicas definidas pela IBSA (International Blind Sports Federation) e pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC), com base no futebol tradicional, mas com diversas adaptações. Abaixo, explico como funciona e as principais regras:

• Número de jogadores: 5 por equipe — 4 jogadores de linha cegos (ou com deficiência visual severa) e 1 goleiro vidente (sem deficiência);
• Bola: Contém guizos internos para que os jogadores a localizem pelo som;
• Campo: Mede 40m x 20m, com laterais cercadas por placas de 1m de altura para manter a bola em jogo;
• Duração: Dois tempos de 20 minutos, com intervalo de 10 minutos;
• Locomoção e orientação: Os jogadores se orientam pelo som da bola, pela comunicação com os companheiros, e pela ajuda de três guias: o técnico, que orienta do lado do campo, o goleiro, que orienta a defesa e o chamador, que orienta o ataque e fica atrás do gol adversário.

Principais regras:

1. Vedação dos olhos: Todos os jogadores de linha usam vendas nos olhos, mesmo que tenham baixa visão, para garantir igualdade;
2. Uso da palavra “VOY!”: Ao tentar disputar a bola, o jogador deve gritar “voy” (do espanhol, “vou”) para evitar colisões;
3. Faltas e penalidades: após 5 faltas acumuladas por equipe em um tempo, cada nova falta gera um pênalti de 8 metros (sem barreira);
4. Goleiro pode enxergar e se comunicar, mas não pode sair da área delimitada;
5. Impedimento não existe;
6. Barulho externo: a torcida deve se manter em silêncio durante o jogo para que os jogadores ouçam a bola e os comandos.