Apesar de uma redução de 37% nos furtos qualificados registrados no Centro de Teresina, segundo a Polícia Civil, o sentimento de insegurança ainda é forte entre comerciantes e moradores da região. A melhora nos números, embora reconhecida, não tem sido suficiente para resolver os problemas históricos enfrentados na área central da capital.

De acordo com a Associação S.O.S Centro, criada por empresários, trabalhadores e moradores locais, a situação ainda exige ações mais efetivas. Arrombamentos a estabelecimentos comerciais continuam sendo registrados, além de casos de furto de cabos elétricos, que têm causado quedas frequentes de energia e até exposto criminosos a riscos de morte ao tentar roubar a fiação.
Segundo levantamento da associação, os prejuízos acumulados já ultraam R$ 130 mil. A média de arrombamentos, que já chegou a 12 por semana, embora tenha diminuído, ainda é motivo de alerta.
“A gente reconhece o esforço da polícia, mas ainda falta um trabalho mais focado em inteligência”, relata o Dr. Samuel Rêgo, um dos articuladores do movimento S.O.S Centro.
De acordo com ele, esse tipo de crime alimenta o crime organizado. “Existem quadrilhas especializadas na receptação de produtos roubados. É preciso um trabalho mais integrado, inclusive com a Polícia Federal, porque muitos desses itens acabam sendo trocados por drogas por usuários que circulam pelo Centro. Isso cria um ciclo difícil de quebrar e que contribui para a persistência dos arrombamentos”, explicou.
A Polícia Civil afirma que mantém operações regulares na área, como a Operação Saturação, que realiza abordagens semanais com foco em crimes patrimoniais.
“Sempre que nós temos notícia de um roubo ou furto a transeunte, imediatamente enviamos uma equipe ao local. Lá conseguimos identificar aquela pessoa e, muitas vezes, prender em flagrante. Nesse trabalho também conseguimos cumprir um mandado de prisão caso esteja em aberto, ou seja, dessa forma estamos atuando para acabar com os conhecidos “lanceiros”, criminosos que aproveitam o movimento do público intenso para cometer crimes e tentar fugir”, explica o delegado da 1ª Seccional, Sérgio Alencar.

Ainda assim, comerciantes relatam que o policiamento ostensivo é insuficiente, especialmente à noite, quando a movimentação de pessoas diminui. O receio com a violência tem levado ao esvaziamento gradual da região, com lojas sendo fechadas e imóveis ficando abandonados. Nos últimos 12 anos, o Centro perdeu mais de 20% de sua população, segundo dados do IBGE.
A formação da Associação S.O.S Centro surgiu como uma tentativa de articular propostas para reverter o cenário. O grupo tem buscado diálogo com autoridades e reivindica ações mais estruturadas para revitalizar a área central, tanto em segurança quanto em incentivo ao comércio e moradia.
"É preciso que hajam políticas públicas de incentivo à moradia e comércio no Centro de Teresina, pois as pessoas precisam querer morar e a ocupar a região. Precisamos de revitalização e ocupação das praças, incentivo à cultura e habitação", disse Samuel Rêgo,
Embora existam avanços, o panorama atual mostra que o Centro de Teresina segue vulnerável e que a recuperação da região exige um esforço conjunto, contínuo e integrado entre poder público, forças de segurança e sociedade civil.
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