O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), participou durante o mês de maio de duas missões internacionais voltadas à atração de investimentos e à consolidação do estado como uma das principais referências brasileiras em energias renováveis. Segundo a gestão estadual, os resultados envolvem a ampliação de projetos de energia limpa, início de obras para produção de hidrogênio verde e aproximação com fundos soberanos.

A primeira delas, realizada entre os dias 10 e 14 de maio, foi à China, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma agenda institucional com foco no estreitamento das relações comerciais entre os dois países.
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A segunda, ocorrida entre 23 e 31 de maio, levou o chefe do Executivo estadual a três países do Oriente Médio: Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, no âmbito do Consórcio Nordeste, entidade presidida pelo gestor piauiense.
De acordo com o Palácio de Karnak, os compromissos resultaram em avanços nas áreas de energia, infraestrutura e turismo, com previsão de geração de empregos e aporte financeiro privado para o estado. Os valores anunciados pelas empresas parceiras ultraam R$ 3 bilhões, segundo o Governo do Estado.
Os compromissos internacionais se inserem na estratégia do governo piauiense de ampliar a presença do estado em cadeias globais de investimento em setores como energia solar, eólica, hidrogênio verde e agroindústria. Além da de memorandos com empresas chinesas e da apresentação de projetos estruturados a fundos árabes, a viagem resultou na confirmação de obras em andamento e aportes bilionários com potencial de geração de milhares de empregos no território piauiense.

A reportagem especial do Jornal O DIA detalha os principais desdobramentos de cada missão, as empresas envolvidas e os impactos esperados para a economia piauiense.
Missão à China: parcerias bilaterais confirmam R$ 3,17 bilhões em novos investimentos para o Piauí
A agenda do governador Rafael Fonteles na China teve como ponto alto a participação no 15º Fórum Empresarial Brasil-China, realizado em Pequim. O evento, que contou com mais de 700 empresários brasileiros e 218 entidades chinesas, foi organizado pela ApexBrasil e teve o objetivo de estimular o comércio bilateral e atrair novos investimentos ao país. Na ocasião, o governador destacou o protagonismo crescente do Nordeste e do Piauí em áreas como energia renovável, turismo ecológico e concessões de infraestrutura.
A presença piauiense em Pequim foi acompanhada de reuniões com grupos estratégicos, como a Windey Technology, a Envision e a estatal China General Nuclear Power Group (CGN), considerada uma das maiores empresas chinesas do setor de energia. Dessa articulação, resultou a de um memorando de entendimentos com a CGN, que já atua no Piauí desde 2019 com parques solares e eólicos em Ribeira do Piauí e Lagoa do Barro.
O novo acordo prevê investimentos superiores a R$ 3 bilhões na ampliação das atividades da empresa no estado. Estão previstas novas usinas com capacidade total de 1,4 gigawatts, além da implantação de um sistema de armazenamento de energia e a criação de um projeto piloto de geração termossolar — tecnologia que utiliza o calor da radiação solar para gerar energia elétrica. A expectativa é que mais de 5 mil empregos sejam criados durante a fase de construção.
Os novos investimentos da CGN fazem parte de um pacote maior de aportes anunciados durante a missão do governo brasileiro à China, que totalizam R$ 27 bilhões em diferentes setores estratégicos. No caso do Piauí, o diferencial está na continuidade de parcerias já estabelecidas e na confiança que o estado conquistou junto a grupos internacionais do setor energético.
Em entrevista ao Jornal O DIA, o governador Rafael Fonteles classificou como "muito importante" a missão à China, ressaltando o entrosamento político e econômico entre os governos dos dois países. O gestor celebrou ainda os resultados concretos trazidos na bagagem para o Piauí, fruto de uma relação que ele definiu como "sinérgica e ganha-ganha".
“Eu realmente testemunhei, como membro da comitiva, um entrosamento muito grande do presidente Lula com o presidente Xi Jinping, dos ministros brasileiros com os ministros chineses, e também uma cooperação muito grande entre os empresários brasileiros e chineses. Então, tanto evento empresarial coordenado pela APEX, quanto a agenda de estado do presidente Lula junto a assembleia, ao primeiro-ministro e ao presidente demonstraram isso [entrosamento político e istrativo]”, disse o gestor.
“Os laços entre o Brasil e a China estão se aprofundando, tanto laços comerciais como também o intercâmbio cultural, científico, acadêmico para que ambos os países se beneficiem dado que há muita complementaridade entre as duas economias. Então é realmente uma relação ganha-ganha, é uma sinergia de fato. É por isso que eu fiquei muito animado e ainda trazendo na bagagem um resultado concreto para o Piauí”, completou.
Missão no Oriente Médio: Consórcio Nordeste e as transformações energéticas para o futuro
Já no Oriente Médio, Rafael Fonteles liderou uma agenda institucional em três países estratégicos: Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. A missão integrou a agenda do Consórcio Nordeste e teve como foco a prospecção de investimentos em energia, infraestrutura e turismo. Uma das iniciativas centrais foi a apresentação de dois fundos estruturados em parceria com o Banco do Brasil: o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) e o Fundo de Investimento em Participações (FIP), voltados ao financiamento de capital de giro e a aportes em projetos de private equity, respectivamente.
No encerramento da missão, em Dubai, foi anunciado o início das obras do parque industrial da empresa Solatio na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba. O empreendimento tem como foco a produção de hidrogênio verde e amônia, com base em fontes renováveis de energia. A primeira etapa — atualmente em execução — compreende a limpeza de 154 hectares e conta com o envolvimento de equipes técnicas multidisciplinares. A usina terá capacidade de gerar até 3 gigawatts por ano e estima-se a criação de cerca de 3 mil empregos diretos e indiretos.
O projeto atende aos critérios de sustentabilidade e inovação estabelecidos pela Missão 5 do programa Nova Indústria Brasil, voltado à descarbonização da economia. A produção será majoritariamente voltada aos mercados da Europa e da Ásia, que demandam soluções energéticas com baixa emissão de carbono.
Durante a Brazil-UAE Investment Round, realizada também em Dubai, cerca de dez empresas e fundos privados participaram da rodada de apresentações. A delegação nordestina teve apoio do Banco do Nordeste (BNB), do BNDES e da ApexBrasil.
Ao Jornal O DIA, antes de embarcar ao Oriente Médio, o chefe do Executivo estadual afirmou que a missão internacional, que reúne os nove estados do Nordeste, teria como objetivo atrair investimentos dos fundos soberanos e empresas estatais dos países em questão. Segundo ele, o Piauí aposta na ZPE de Parnaíba e no polo agroindustrial do cerrado como vitrines para captar recursos nas áreas de energia verde, infraestrutura e bioindústria.
“Os nove estados do nordeste estarão representados nessa missão internacional e o objetivo é atrair investimentos. Os países do Oriente Médio dispostos a investir, sobretudo em energia, infraestrutura e também turismo. Esperamos, portanto, receber esses investimentos a partir da apresentação dos projetos prioritários do nordeste, no caso do Piauí, nós estamos focando muito tanto nesse polo industrial da ZPE de Parnaíba, na área de indústria verde, e também no polo do cerrado na área de agroindústria, sobretudo a parte de bioenergia. Então a gente vai apresentar os projetos e esperamos que haja o interesse dos fundos soberanos e das empresas destes países que eu citei pelos nossos projetos”, explicou.
Perspectivas para o futuro e integração com a política de reindustrialização verde
Com as duas missões, o Governo do Piauí projeta um novo ciclo de crescimento, alicerçado na industrialização verde e na inserção do estado nas cadeias globais de energia limpa. Os investimentos anunciados estão concentrados principalmente nas regiões Sul e Norte do estado, com foco na interiorização do desenvolvimento e no aproveitamento da vocação natural do território.
Com a implantação de novos parques energéticos, a introdução de tecnologias como a termossolar e a instalação da primeira usina de hidrogênio verde do estado, o Piauí poderá ampliar sua matriz energética sustentável e se inserir de forma estratégica no mapa global da transição energética.
Além disso, o governador já anunciou que novas missões internacionais devem ocorrer no segundo semestre de 2025, com foco na Europa e nos Estados Unidos.
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