Criado em 5 de junho de 1979, o Parque Nacional da Serra da Capivara, completa 46 anos nesta quinta-feira (05) como um dos principais patrimônios arqueológicos do mundo. Localizado no sudeste do Piauí, em uma região do semiárido marcada por extensas formações rochosas, o parque é reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco desde 1991. A importância científica da Serra da Capivara está diretamente ligada à atuação da arqueóloga Niède Guidon, que morreu na madrugada desta quarta-feira (04).
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O reconhecimento se deve pela grande concentração de sítios arqueológicos e pinturas rupestres, que revelam registros da ocupação humana com até dezenas de milhares de anos. O parque conta com mais de 1.300 sítios arqueológicos cadastrados, sendo que cerca de 600 apresentam pinturas rupestres e aproximadamente 170 estão abertos à visitação.
As imagens gravadas em rochas retratam cenas do cotidiano de populações pré-históricas — como atividades de caça, guerra e reprodução —, formando um acervo de grande valor para os estudos sobre o povoamento das Américas.
A arqueóloga Niède Guidon, durante seu trabalho no Museu Paulista da USP, em 1963, que ouviu falar, pela primeira vez, de um sítio arqueológico que ficava localizado em São Raimundo Nonato, no Piauí. Em 1973 ela visitou a região pela primeira vez.

Niède liderou escavações e pesquisas que culminaram na criação do parque e na articulação para seu reconhecimento internacional. Em parceria com o governo francês, por meio da Missão Arqueológica Franco-Brasileira, ela coordenou estudos que desafiaram as teorias tradicionais sobre o início da ocupação humana no continente americano.
Entre os sítios mais emblemáticos está a Toca do Boqueirão da Pedra Furada, onde foram encontradas evidências que sustentam a hipótese de ocupação humana há pelo menos 58 mil anos — em contraste com a teoria dominante, que aponta um povoamento há cerca de 15 mil anos. As descobertas provocaram debates na comunidade científica e atraíram colaborações com instituições de diversos países.
Além de seu valor arqueológico, o Parque Nacional da Serra da Capivara teve impacto direto na realidade socioeconômica da região de São Raimundo Nonato. Antes marcada pelo isolamento, a área ou a receber investimentos em infraestrutura, turismo e pesquisa. A Fundação Museu do Homem Americano, criada por Guidon, se consolidou como um centro de referência em arqueologia pré-histórica no Brasil.
A Unesco declarou o Parque Nacional da Serra da Capivara como Patrimônio Cultural da Humanidade pela relevância dos registros rupestres e pela contribuição que eles oferecem à compreensão da história da humanidade na América do Sul.
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Curiosidades sobre o Parque Nacional Serra da Capivara:
- Maior concentração de sítios arqueológicos das Américas: O parque abriga a maior e mais antiga concentração de sítios pré-históricos da América, com mais de 1000 sítios arqueológicos registrados, e mais de 30 mil pinturas e gravuras rupestres.
- Vestígios da presença humana mais antiga nas Américas: Achados em sítios como o Boqueirão da Pedra Furada indicam a hipótese da presença humana no local há cerca de 60 mil anos, o que pode revolucionar as teorias sobre a entrada do homem no continente americano.
- Pinturas rupestres únicas: As pinturas rupestres da Serra da Capivara possuem um estilo típico, único na região Nordeste do Brasil, com representações de rituais religiosos, cenas de caça, parto e até mesmo cenas de sexo.
- Diversidade do bioma Caatinga: O parque protege uma parte significativa da Caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro. A flora e fauna são ricas e representativas da região, com espécies como jaguatiricas, tatus, mocós, seriemas, onças, gatos-do-mato, serpentes, morcegos, mandacarus, xique-xiques, juazeiros e aroeiras.
- Museus e estruturas: O parque conta com museus, como o Museu da Natureza, que oferece uma visão aprofundada da história natural e pré-histórica da região. Além disso, algumas trilhas e sítios arqueológicos são adaptados para cadeirantes, tornando o eio mais ível.
- Fábrica de Cerâmica Serra da Capivara: Um projeto social idealizado para gerar trabalho e renda para as comunidades locais, que comercializa peças de cerâmica inspiradas na arte rupestre do parque.

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Locais reconhecidos no Brasil como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO
O Brasil possui diversos locais reconhecidos como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, cada um com sua importância e particularidades. Alguns dos mais conhecidos e visitados incluem:
- Lençóis Maranhenses (MA)
- Parque de Itatiaia (RJ)
- Raso da Catarina (BA)
- Cavernas de Peruaçu (MG)
- Serra do Divisor (AC)
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