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Maio, mês das noivas: o simbolismo e a tradição católica e popular

Esse imaginário está fortemente ligado a uma tradição com raízes que remontam épocas, e fortalecida pela Igreja Católica.

24/05/2025 às 08h47

25/05/2025 às 13h49

O mês de maio ocupa um lugar especial no imaginário religioso e cultural dos brasileiros, especialmente na tradição católica. Conhecido como o "mês das noivas", maio carrega uma simbologia que vai além das flores e dos vestidos brancos. É um período em que a espiritualidade, a beleza natural e a tradição popular se encontram, criando um tempo propício para celebrações e, claro, para o sacramento do matrimônio. Para muitos, maio é mágico, não somente pelo mês em si, mas pelo que ele representa — seja para quem vai dizer o “sim”, seja para quem está nos bastidores tecendo os fios que irão enlaçar essas histórias.

No dia 25 de maio deste ano, a advogada Bruna Teles Borges (28) e o Pedro Elias Teixeira (30) celebraram o amor em uma cerimônia marcada pela fé e pela tradição. Desde o início do relacionamento, o casal já sonhava em se casar em maio, mês tradicionalmente escolhido por muitas noivas, especialmente por seu significado na Igreja Católica.

A advogada Bruna Teles e o  Pedro Elias celebraram o amor em uma cerimônia marcada pela fé e pela tradição. - (Arquivo pessoal) Arquivo pessoal
A advogada Bruna Teles e o Pedro Elias celebraram o amor em uma cerimônia marcada pela fé e pela tradição.

“Eu e meu esposo sempre tivemos em mente que queríamos casar no mês de maio. Fui criada em uma família católica, e o Pedro, que também é, começou a frequentar mais a igreja quando começamos a nos relacionar. Maio é um mês mariano, dedicado à Virgem Maria, e consagramos os preparativos e o nosso casamento à Virgem Maria. Foram meses de preparação e muita oração, e nossa preparação foi muito abençoada, pois estivemos ainda mais firmes na fé e fortalecemos nosso relacionamento”, comenta.

Além do simbolismo religioso, Bruna Teles lembra que maio também é o mês das flores, e foi isso que inspirou a decoração da cerimônia. Fugindo do tradicional branco, o casal optou por flores vibrantes e coloridas, criando um ambiente alegre e acolhedor.

“Maio é o mês das flores, e queríamos trazer as flores coloridas para o casamento. Temos a tradição de oferecer as flores à Nossa Senhora, mas fugimos do tradicional, que são as flores brancas, e optamos pelo colorido — seja por ser o mês das flores, por ser dedicado à Nossa Senhora ou porque eu queria algo muito colorido, que me representasse”, explica.

O casamento foi planejado por Bruna e Pedro ao longo de um ano e meio. Os dois sabiam da concorrência pelo mês de maio, afinal, muitos casais, assim como eles, também buscam seguir a tradição do "mês das noivas" e, por isso, se organizaram com bastante antecedência. A advogada comenta que os contratos precisaram ser fechados com bastante antecedência, o que facilitou para que os dois não tivessem intercorrências no decorrer dos preparativos — seja quanto à data e horário da cerimônia, seja na escolha do local da festa, decoração, música, entre outros.

O casamento foi planejado por Bruna e Pedro ao longo de um ano e meio. - (Arquivo pessoal) Arquivo pessoal
O casamento foi planejado por Bruna e Pedro ao longo de um ano e meio.

“Sabíamos que maio era um mês bem concorrido no universo das noivas. Antes mesmo de começarmos a nos organizar, eu já tinha uma noção de como aconteciam as coisas nesse meio. Se tivéssemos deixado para poucos meses antes da data, possivelmente teríamos encontrado dificuldades para encontrar uma data, pois há realmente uma grande procura para esse mês — seja por espaço, banda, flores ou decoração. Os fornecedores pedem realmente um prazo considerável porque essa demanda muito grande existe”, reforça.

“Fechar com os fornecedores com antecedência acabou ficando um pouco mais oneroso, porque tivemos que começar a pagar esses contratos bem antes. No geral, percebemos que há a cobrança de um valor um pouco mais elevado por se tratar de noivos, noivas e casamentos. Se falar que é casamento, o valor cobrado será diferente. Mas, depois que a celebração e a festa aconteceram, percebemos por que eles cobram mais caro: porque é uma responsabilidade muito grande, pois envolve o sonho dos noivos e também de familiares e amigos que acompanharam a preparação do casamento. Optamos por bons fornecedores para evitar surpresas desagradáveis, então escolhemos profissionais que cumprissem o que prometeram durante a preparação”, conclui a advogada Bruna Teles.

Criando um vestido de noiva: entre sonhos, escuta e poesia

Desenvolver um vestido de noiva é um ato de amor, escuta e arte. Um ofício que transforma tecido em memória e costura sonhos com poesia. Este é o sentimento da estilista de noivas Anna Lima, que atua há sete anos no universo das noivas. Maio é um mês simbólico, alusivo às noivas, à primavera e às tradições da Igreja Católica. O branco das vestes de Nossa Senhora inspira muitas noivas, e é desse tecido alvo que Anna constrói sonhos e tece histórias para a vida toda.

Vestido de noiva: Sonhos, escuta, poesia e dedicação - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Vestido de noiva: Sonhos, escuta, poesia e dedicação

Com alma poética e um olhar sensível, a estilista de noivas encontrou na simplicidade e no atendimento humanizado as bases do seu trabalho. “Me considero uma pessoa de alma poética, sempre gostei de música, arte e outras manifestações artísticas. Sempre quis ser estilista, mas não queria criar qualquer marca de roupa, eu queria fazer sentido na vida da pessoa que vai usar.”

Seu primeiro contato com esse universo veio de forma inesperada, por meio de um pedido especial. “Nunca havia cogitado ser estilista de noivas, até que recebi o convite de uma amiga, que perguntou se eu poderia desenhar seu vestido de noiva.” E foi durante a pesquisa desse desafio que Anna percebeu que havia encontrado sua vocação: fazer a diferença na vida de quem vai vestir a minha roupa.

Ao longo desses anos, foram cerca de 60 vestidos criados, cada um com sua história, seu perfil de noiva, seus desafios e encantos. Um processo que exige dedicação e pode levar até seis meses. “Como eu faço esse trabalho afetivo, atendo uma quantidade determinada de noivas por mês e por ano, pois prezo pela qualidade e também para que eu consiga entregar um trabalho autoral, que é o meu diferencial”, comenta.

Anna Lima busca entender os anseios de cada noiva, como ela sonha com o seu dia e o que deseja comunicar com seu vestido, como e onde será realizada a cerimônia, se haverá festa ou outro evento. “Saber isso é importante porque, dependendo do vestido, se tiver uma cauda muito longa, eu preciso estudar como fazer um acabamento para que a noiva consiga prendê-la”, relata a estilista.

Durante o processo, são realizadas, em média, quatro provas: uma para o vestido pronto, outra para ajustes, uma terceira para a prova de maquiagem e a última para os alinhamentos finais. “Algumas se emocionam, outras se perdem em palavras, mas todas se sentem muito acolhidas, pois eu faço uma escuta ativa e um atendimento humanizado.”

A estlista Anna Lima busca entender os anseios de cada noiva, como ela sonha com o seu dia e o que deseja comunicar com seu vestido - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
A estlista Anna Lima busca entender os anseios de cada noiva, como ela sonha com o seu dia e o que deseja comunicar com seu vestido

Para a estilista, o vestido de noiva deve refletir a autenticidade de cada mulher e, ser a responsável por concretizar esse sonho exige muita responsabilidade e comprometimento. “Estamos lidando com grandes sonhos e grandes expectativas. Por mais que alguma noiva diga que nunca pensou em casar, ao provar o vestido, ela desconstrói esse pensamento. Por isso, eu encorajo a mulher a se vestir de si no grande dia”, conclui a estilista de noivas Anna Lima.

Cultura católica e Mariana presente no imaginário da população

Em maio, na Europa, é tempo de primavera — uma época repleta de flores e cores. No ambiente católico, o mês de maio está associado ao Dia das Mães e à sua relação com Nossa Senhora. Segundo o padre Amadeu Matias Bernardes, vigário-geral da Arquidiocese de Teresina e pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, esse simbolismo do mês de maio está relacionado à devoção mariana.

"Há uma espécie de chamamento. Na minha experiência de paróquia, todo mês é ‘mês das noivas’, porque há casamentos durante todo o ano. Essa atmosfera florida contribui para que o mês seja associado à leveza e à celebração da vida, valores que se refletem também nos casamentos realizados nessa época. Maio é um mês de sol forte, de um céu bonito, de vento, além de estarmos saindo do tempo da Quaresma, sendo, portanto, um período mais festivo para as celebrações”, comenta.

Padre Amadeu: o simbolismo do mês de maio está ligado à devoção mariana - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Padre Amadeu: o simbolismo do mês de maio está ligado à devoção mariana

O uso do branco pelas noivas também tem um forte simbolismo religioso. Não é apenas uma questão estética ou de tradição secular. Padre Amadeu explica que “a cultura católica e mariana ainda é muito presente no imaginário da população, por isso as noivas se casam de branco, pois essa cor remete às vestes de Nossa Senhora, que são sinal de pureza. O branco é a roupa do cristão que, uma vez batizado, é revestido com a cor da veste batismal: uma túnica branca”, relata.

Em 2017, Teresina foi considerada a capital mais católica do Brasil, com 86% da população se declarando católica. Muito dessa religiosidade se reflete no número de casamentos, que tem aumentado nos últimos anos. Segundo dados do Registro Civil, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um aumento de 11,7% no número de uniões conjugais em 2023 (9.802) em relação a 2022 (8.770), no Piauí.

Contudo, o padre ressalta que religiosidade não corresponde necessariamente à evangelização. “Há muitas pessoas que se casam no civil, mas não se casam no religioso, e ainda há aqueles que apenas decidem viver juntos. Os casamentos comunitários, em geral, são daquelas pessoas que estão vivendo em uma união estável ou no casamento civil, e então regularizam a vida sacramental”, comenta o padre Amadeu Matias.


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