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Dia dos Namorados: A importância do diálogo familiar no namoro entre adolescentes

A adolescência é uma fase de descobertas, o corpo muda, os sentimentos ganham novas proporções.

12/06/2025 às 09h10

"Você se lembra do seu primeiro amor?" Essa é uma pergunta simples que costuma despertar lembranças. Para alguns, a resposta remete a um sentimento breve e para outros remete algo que foi marcante. A adolescência é uma fase descobertas, o corpo muda, os sentimentos ganham novas proporções, e o amor — pela primeira vez — parece ocupar um novo espaço na vida dos jovens.

Dia dos Namorados A importância do diálogo familiar no namoro entre adolescentes - (Reprodução/ Frepink) Reprodução/ Frepink
Dia dos Namorados A importância do diálogo familiar no namoro entre adolescentes

O namoro na adolescência não é apenas um episódio isolado da juventude. Para muitos jovens, se trata da primeira grande experiência emocional que marcará a forma como eles se relacionam no futuro — com o outro e consigo mesmos. A intensidade, os aprendizados e os desafios desses relacionamentos podem moldar traços de identidade, autoestima, autonomia e até a maneira como lidam com perdas e frustrações.

A psicóloga Mariana Machado explica que o início da adolescência, por volta dos 12 anos, é também o ponto de partida para o que a psicanálise define como “fase genital” do desenvolvimento humano. “Nossa maior fonte de interesse nos primeiros anos dessa fase, é a socialização, estar com outras pessoas e então, começa o interesse afetivo e sexual por elas”, afirma.

A intensidade com que adolescentes vivem essas experiências também tem fundamento biológico. Marina esclarece que a amígdala cerebral, estrutura responsável pelo processamento das emoções, está extremamente ativa nessa fase. Por isso, o primeiro amor pode parecer visceral, único e, muitas vezes, incontrolável. “Na fase da adolescência, a amígdala cerebral, que é responsável pelo processamento de emoções, tá trabalhando a todo vapor. Eles sentem tudo em grande proporção e por isso, o primeiro amor parece tão mais visceral”, explica.

Essa intensidade, no entanto, pode gerar descomos. Muitos adolescentes têm dificuldade em equilibrar o tempo dedicado ao relacionamento com outras áreas da vida, como os estudos e o convívio familiar. “É normal que, ao iniciar um relacionamento, sua produtividade caia consideravelmente, mas é necessário lembrá-los de suas responsabilidades, já que é justamente essa experiência que vai dar a eles repertório para gerenciar as futuras obrigações de uma vida adulta”, destaca a psicóloga.

Dia dos Namorados: A importância do diálogo familiar no namoro entre adolescentes - (Reprodução/Freepink) Reprodução/Freepink
Dia dos Namorados: A importância do diálogo familiar no namoro entre adolescentes

Diante disso, o papel dos pais e responsáveis se torna ainda mais relevante. O apoio familiar, segundo Marina, deve vir na forma de diálogo, escuta ativa e acolhimento. “Se eles não se sentirem seguros para contar aos pais o que sentem, quem poderá orientá-los? Os adolescentes estão formando seu próprio senso crítico e precisam de e, não de comandos autoritários”, comenta.

Além da conversa, é importante lembrar aos jovens que o amor não é o único centro da vida. Apesar dos altos e baixos, relacionamentos iniciados na adolescência podem, sim, evoluir e amadurecer. “Nessa fase, eles estão aprendendo onde estão suas fontes de lazer, prazer e bem estar. É necessário que o adolescente entenda que não é só no amor que está toda a magia da vida e ele consegue isso, conciliando as múltiplas atividades e pessoas da própria rotina”, afirma.

Duas adolescentes que vivem essa fase são Júlia Costa e Isadora Lima, ambas com 17 anos. Juntas desde agosto de 2023, se conheceram na escola por meio de amigos. “A gente se conheceu na escola por acaso, quando amigos nos apresentaram. Mas só começamos a conversar de verdade, quando rolou uma conversa mais tranquila, sem a pressão dos amigos. Depois daquele dia, não paramos mais de conversar — era o dia inteiro, sobre os assuntos mais diversos possíveis”, conta Júlia.

Conciliar rotina, escola e relacionamento nem sempre é fácil. As jovens tentam equilibrar tempo de casal, tempo individual e tempo com as famílias. Apesar das dificuldades, contam com apoio dos pais e compartilham finais de semana nas casas uma da outra. O relacionamento, segundo Júlia, trouxe aprendizados que vão além do campo afetivo. “O nosso namoro me ensinou a escutar mais as pessoas, a me colocar mais no lugar das outras e a me expressar melhor. Como sempre conversamos muito, eu aprendi bastante com esse aspecto”, destaca.

Caroline Rodrigues e Izaias de Paiva se conheceram ainda no colégio  - (Arquivo pessoal) Arquivo pessoal
Caroline Rodrigues e Izaias de Paiva se conheceram ainda no colégio

Do ensino médio, a juras de amor no altar

Mesmo com os obstáculos naturais da fase, há histórias que resistem ao tempo e à distância. É o caso de Caroline Rodrigues e Izaias de Paiva, que se conheceram ainda no ensino médio, em 2010. Ela tinha 15 anos e ele, 16. O namoro, teve início entre aulas e partidas de futebol no intervalo, amadureceu com o tempo e superou os desafios da juventude.

O relacionamento, ainda muito jovem, enfrentou desafios desde o início. O principal deles era a distância. Enquanto Caroline morava na zona Sudeste de Teresina, Izaias vivia na zona Norte. Sem transporte próprio, os encontros fora da escola eram raros. Além disso, havia a preocupação dos pais com o impacto do namoro nos estudos. Ainda assim, o casal escolheu seguir junto.

“Era aquele tipo de amor impossível — tudo muito difícil, muito distante. Ele não tinha transporte, e a gente se via mais na escola. Durante as férias, praticamente não nos víamos. Era mesmo aquele típico namoro de escola. Tinha a questão dos pais, acho que, por sermos muito novos, havia muita vigilância, muito cuidado, um certo medo de que o namoro atrapalhasse os estudos”, conta.

O amor floresceu e o casal chegou a ao altar para celebrar a troca de alianças - (Arquivo pessoal) Arquivo pessoal
O amor floresceu e o casal chegou a ao altar para celebrar a troca de alianças

Com o ar do tempo, os dois amadureceram e permaneceram lado a lado. Caroline ingressou no curso de História da UFPI, enquanto Izaias ou para Matemática, estudando à noite e trabalhando durante o dia. A rotina exigia sacrifícios, mas também fortalecia o relacionamento. “Ele trabalhava durante o dia e fazia faculdade à noite, com a intenção de construir um futuro — porque a gente pensava muito nisso. A gente sempre tentava enxergar lá na frente, imaginando como seria a nossa vida”, relembra Caroline.

A decisão de casar veio cinco anos depois do início do namoro. Em um gesto romântico, Izaias preparou uma surpresa no Encontro dos Rios, local onde o casal teve seu primeiro eio fora da escola. Com a ajuda de amigos, ele organizou flores, cartinhas e um caminho especial até o pedido de noivado.

“E uma coisa interessante é que meu pai dizia que eu só poderia me casar depois de me formar. A minha colação de grau foi no dia 1º de abril, e o casamento aconteceu no dia 2 de abril de 2016. Ou seja, cumpri o que meu pai pediu — e no fim, deu tudo certo”, relata.

As dificuldades não impediram que Izaias e Caroline continuassem a projetar sonhos - (Arquivo pessoal) Arquivo pessoal
As dificuldades não impediram que Izaias e Caroline continuassem a projetar sonhos

A vida de casados também teve seus altos e baixos. O casal enfrentou perdas gestacionais antes de terem os filhos Henrique e a caçula, hoje com quatro meses. As dificuldades apenas fortaleceram a união. Hoje, com nove anos de casamento, Caroline afirma que o relacionamento se sustenta sobre três pilares: confiança, diálogo e respeito.

“Eu acredito que a base de um relacionamento é a confiança — algo que sempre tentamos deixar muito claro e presente na nossa vida. O diálogo também é fundamental, muito importante mesmo. E, principalmente, o respeito. Para nós, esses três são os pilares do nosso relacionamento”, finaliza.


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Com edição de Marco Antônio Vilarinho