Julieno da Silva Gonçalves, homem suspeito de ter sequestrado e violentado uma adolescente com autismo de apenas 15 anos foi localizado após a Polícia Civil detectar um o ao perfil do Instagram da vítima na residência onde ele mantinha a jovem em cárcere privado. Ele foi preso ontem no bairro Saci, na zona Sul de Teresina, com a adolescente que estava há quatro dias desaparecida.
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Segundo os policiais que efetuaram a prisão, ao chegarem à residência do indivíduo, os agentes verificaram que a porta estava aberta, protegida apenas por uma grade, o que permitiu visualizar a adolescente M. V. S. C. deitada em uma cama, ao lado de um indivíduo. Após chamarem por diversas vezes, o homem e a adolescente acordaram, e o homem foi até a entrada da casa. Questionado sobre a adolescente, ele disse que não a conhecia.

Em depoimento, o suspeito alegou que havia encontrado a jovem ao meio-dia do último sábado, dia 07 de junho, um dia depois de M. V. ter sido dada como desaparecida pela família. Ele alega que a levou para casa porque a vítima teria lhe solicitado abrigo e disse não saber que ela estava sendo procurada.
Ainda de acordo com a equipe que atendeu a ocorrência, a vítima estava sonolenta, desorientada, com alterações na fala e não conseguia caminhar. O exame de corpo delito realizado na jovem apontou que a mesma foi abusada sexualmente, com sinais de violência.
Diante dos fatos, o homem foi preso em flagrante pelos crimes de sequestro, cárcere privado e estupro de vulnerável. Ao ar por audiência de custódia, o juiz Alexsandro de Araújo Trindade, decidiu converter a prisão em preventiva, pois os elementos confirmam a materialidade do crime e evidenciam a violência e a gravidade da conduta do suspeito, tornando necessária a sua custódia para garantir a ordem pública, a proteção da vítima e o resguardo da regularidade da instrução criminal.
“Ressalte-se que o investigado valeu-se da condição de extrema vulnerabilidade da vítima, uma adolescente com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista e déficit cognitivo, portanto presume a incapacidade total dessa faixa etária, tornando irrelevante qualquer forma de consentimento. Quando se trata de uma portadora do espectro autista, bem como de déficit cognitivo, a gravidade é ainda maior. Nessa idade, apresenta uma vulnerabilidade exacerbada diante da possibilidade de ter discernimento. Assim, a prática de qualquer ato dessa natureza representa uma violação extrema da dignidade sexual, mas também um atentado direto à integridade física e psicológica e ao pleno desenvolvimento da adolescente”, afirmou o magistrado na sua decisão.
Adolescente resgatada está em estado pós-traumático, diz advogada
A adolescente de 15 anos foi vítima de violência de gênero durante o período em que esteve em cativeiro e apresenta sinais de estado pós-traumático. De acordo com a advogada da jovem, Rosemary Farias, as investigações sobre o caso ainda estão em curso e ainda não se sabe como a jovem foi raptada pelo suspeito. A adolescente possui o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e era assistida por uma equipe multidisciplinar na escola, além de receber a assistência da família.

“Ela ou todos esses dias nas mãos de um criminoso e sofreu todos os tipos de violência de gênero. Ela é uma adolescente que vivia da sua residência para a escola. Ainda não sabemos como ela chegou até o local, ela já acordou lá. ou todos esses dias sofrendo e está em estado pós-traumático. Ela sofreu um trauma profundo e nós esperamos que a justiça dê uma resposta efetiva para esse caso”, destacou a advogada.
A adolescente foi encaminhada a uma unidade hospitalar, onde recebeu atendimento médico, e depois foi acolhida na casa da família. De acordo com a advogada, desde que foi resgatada, M. V. não consegue falar. Além da violência que teria sofrido nas mãos do suspeito, M.V também tem sido vítima de comentários nas redes sociais. Por isso, a família pede que o apoio da sociedade para que a jovem não seja revitimizada após finalmente ter retornado para os familiares.
“A família está em clamor vendo esses comentários horríveis nas redes sociais. Por isso pedimos o apoio da sociedade. Ela tem 15 anos, mas tem o comportamento de criança. Essa é uma situação que não desejamos para ninguém", finaliza.
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