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Santo Antônio: simpatias, fé e tradições em volta do “santo casamenteiro”

O dia de Santo Antônio é celebrado no 13 de junho. Além da fé e devoção, muitos buscam nos rituais e simpatias a chance de encontrar o grande amor.

07/06/2025 às 16h29

O dia de Santo Antônio é celebrado no 13 de junho. Além da fé e devoção, muitos buscam nos rituais e simpatias a chance de encontrar o grande amor. Conhecido como o santo casamenteiro, algumas tradições atravessam gerações e continuam vivas no imaginário e na cultura da população e devotos em todo o Brasil e no mundo, especialmente daqueles que buscam o matrimônio.

Quem nunca ouviu falar na simpatia de tocar no “mastro de Santo Antônio” para conseguir um esposo ou esposa? E tirar o menino Jesus dos braços do santo para “deixá-lo de castigo” até que encontre a pessoa amada? Ou ainda deixar a imagem do santo de cabeça para baixo até que ele encontre seu par perfeito? Santo Antônio é, sem dúvida, uma das figuras mais queridas da fé cristã no Brasil.

Conhecido como o santo casamenteiro, algumas tradições atravessam gerações e continuam vivas no imaginário e na cultura da população - (Reprodução/CNBB) Reprodução/CNBB
Conhecido como o santo casamenteiro, algumas tradições atravessam gerações e continuam vivas no imaginário e na cultura da população

A fama de "santo casamenteiro", segundo a professora Natália Oliveira, mestra em História da Igreja, ultraa a religiosidade e se mistura ao imaginário popular. Ela lembra que a devoção à Santo Antônio chega ao Brasil com os portugueses, com as fazendas de cana-de-açúcar e de criação de gado e as comunidades que se formaram em decorrência delas. “Nesses locais sempre tinha uma capela e a devoção aos santos. Naquele âmbito de oração, as jovens pediam um casamento e suas mães um bom marido para as filhas”, comenta.

Enquanto na Europa Santo Antônio é tido como o santo dos pobres e do milagre, no Brasil, ele ganhou a fama de “santo casamenteiro”. A mestra em História da Igreja relembra que os brasileiros, por terem uma prática devocional mais ligada às novenas, acabaram desenvolvendo esse hábito de pedir à Antônio sua intercessão para encontrar um marido.

O dia de Santo Antônio é celebrado em junho, quando ocorre o período junino, uma época repleta de tradições, sobretudo aquelas realizadas em volta da fogueira. É como se tivesse ocorrido uma junção entre a crença ao santo casamenteiro e as tradições populares juninas.

“Existe uma união muito forte entre a religião, a religiosidade e as superstições, pois somos a união de portugueses, africanos e indígenas. Dentre essas superstições, ainda é tradicional, em Campo Maior, essa questão do mastro de Santo Antônio, no qual muitas pessoas ainda acreditam que se pegar no mastro e na bandeira, irão casar. E quando o mastro está fincado no chão, muitas pessoas amarram uma fita ou escrevem seus nomes, na expectativa de encontrar o amor da sua vida”, explica a professora Natália Oliveira.

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O mastro utilizado na procissão de Campo Maior é feito com a carnaúba, árvore símbolo do município. O tronco é escolhido pela “Comissão da Bandeira” dias antes da procissão de abertura, que acontece dia 31 de maio. “Muitas mulheres querem tocar no mastro para pedir um marido, mas outras pessoas também pedem por saúde, emprego e outras graças”, relata.

Santo Antônio, o santo do amor

A origem da fama de casamenteiro está nas ações concretas que Santo Antônio realizou em vida. Conforme explica o Padre Luiz Eduardo Bastos, pároco da Igreja de Santo Antônio no bairro Ininga, em Teresina, o santo foi um defensor do matrimônio por amor, posicionando-se contra os casamentos arranjados — prática comum naquela época.

“Ele foi um forte opositor aos casamentos arranjados, e esse já era um sinal dele de proteção às pessoas, para que todos tivessem o ao matrimônio por amor e não que fosse uma linha de negócio. Ele era contra isso, mas, enquanto não se abolia esse tipo de prática, tentava ajudar

Padre Luiz Eduardo Bastospároco da Igreja de Santo Antônio no bairro Ininga, em Teresina

Santo Antônio ficou conhecido por ajudar financeiramente os mais pobres, especialmente as jovens que não possuíam dote, impedindo-as de se casar. Uma das histórias mais conhecidas conta que uma moça sonhou com o santo, que a orientou a entregar um bilhete a um comerciante. No bilhete, ele pedia que a jovem recebesse um valor conforme o peso do papel.

“O pedaço de papel deu um valor muito elevado e, por ter feito uma promessa à Santo Antônio, o comerciante entregou o valor à jovem, que conseguiu pagar seu dote. A partir daí, todos aram a procurar o santo e a alcançar milagres, fazendo com que Santo Antônio tivesse esse título de santo casamenteiro”, relata o padre.

Santo Antônio era um opositor aos casamentos arranjados - (Paulo Pinto/Agência Brasil) Paulo Pinto/Agência Brasil
Santo Antônio era um opositor aos casamentos arranjados

Em muitas igrejas, como na do Ininga, é hasteada uma grande bandeira no mastro, que permanece até a noite de encerramento das festividades. A tradição de tocar o mastro, considerada uma simpatia popular, simboliza a busca pelo amor e pela bênção matrimonial.

As simpatias ligadas a Santo Antônio não são vistas como práticas negativas, mas como expressões da fé simples e sincera do povo. De acordo com o padre Luiz Eduardo, elas fazem parte da cultura popular e não prejudicam a espiritualidade.

“São simpatias populares que não trazem nenhum mal às pessoas. Muitos fazem simpatias para tirar proveito, pois Santo Antônio é o santo do amor, casamenteiro, e muitas pessoas se apegam. Quem faz a trezena, de 1 a 13 de junho, espera alcançar alguma graça”, afirma o pároco.


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