A onda de crimes cometidos por falsários que se am por advogados para enganar vítimas e obter dados pessoais ou bancários tem se multiplicado no Brasil. Dados recentes revelam centenas (em alguns estados, milhares) de denúncias formalizadas nas seccionais da OAB, demonstrando a dimensão nacional do problema. Segundo a OAB/SP, até o fim de abril de 2025 já haviam sido registrados 1,6 mil casos, números que se aproximam dos 2 mil casos acumulados em todo o ano de 2024.
Mais do que uma ameaça à integridade de vítimas individuais, esses golpes comprometem a credibilidade de toda a advocacia brasileira. Diante desse cenário, o Conselho Federal da OAB, em atuação conjunta com as 27 seccionais, lançou a campanha nacional de enfrentamento ao “golpe do falso advogado”.
A iniciativa tem como pilares a conscientização da população, a prevenção de novas vítimas e a disponibilização da plataforma digital ConfirmADV — um site que permite, de forma rápida e segura, a verificação da identidade de advogados regularmente inscritos na Ordem. A ferramenta é vinculada ao Cadastro Nacional dos Advogados (CNA) e representa um avanço tecnológico importante no combate às fraudes.
Os golpes seguem um padrão: criminosos utilizam dados públicos de processos judiciais e se am por advogados para solicitar, por meio de mensagens e redes sociais, transferências bancárias sob o pretexto de liberação de valores judiciais. Em muitos casos, a fraude só é percebida após o prejuízo já ter sido causado.
“Essa campanha é mais uma expressão do nosso compromisso com a cidadania e com a advocacia. Quando protegemos a relação entre advogado e cliente, protegemos o direito de o à Justiça. E isso é questão de Ordem”, afirma o presidente nacional da OAB, Beto Simonetti.
A atuação da OAB, mais do que uma iniciativa de proteção à classe, é uma ação de interesse público que visa resguardar o cidadão, combater fraudes e fortalecer a confiança nas instituições. A advocacia, enquanto função essencial à Justiça, não pode se omitir diante de tentativas de usurpação de sua identidade profissional. Cabe a nós, advogados e advogadas, abraçar esta causa, difundir a campanha — orientando nossos clientes e a população em geral — e nos posicionar como parceiros na luta contra essas práticas criminosas.
Que sejamos, portanto, multiplicadores desta campanha, tanto em nossas redes sociais quanto na atuação cotidiana. Mais do que preservar a imagem da profissão, trata-se de proteger o cidadão comum — muitas vezes em situação de vulnerabilidade emocional ou econômica — que busca na Justiça uma esperança legítima de reparação. Defender o vínculo de confiança entre advogado e cliente é, em essência, defender o próprio Estado Democrático de Direito.