O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, é uma data importante para refletirmos sobre a relação entre o ser humano e os recursos naturais. Nos últimos anos, o Piauí tem enfrentado grandes desafios para proteger o meio ambiente, registrando episódios de desmatamento ilegal, caça a animais silvestres e queimadas de grandes proporções, demonstrando que o Estado precisa atuar em diversas áreas para garantir a conservação de seus ecossistemas.
Uma dessas ações foi a ampliação do trabalho de fiscalização e enfrentamento dos crimes ambientais realizados pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semarh). Um exemplo foi a Operação Parquet, realizada nos municípios de Bom Jesus e Currais, no extremo Sul do Piauí, que resultou na aplicação de R$ 4 milhões em multas por desmatamento ilegal em 12 propriedades. Aproximadamente 4.000 hectares de vegetação nativa foram derrubados sem autorização, causando um impacto equivalente a cerca de 3.700 campos de futebol.

Segundo o secretário da Semarh, Feliphe Araújo, o combate ao desmatamento se dá por meio de um sistema de monitoramento online, que identifica alterações na vegetação. Quando há suspeita de irregularidade, a fiscalização é acionada para verificar se existe licenciamento. Caso contrário, o responsável é multado e o terreno, embargado. “Temos um trabalho de monitoramento online nesses casos de desmatamento e, caso ocorra, avaliamos se tem licença. Não tendo, a fiscalização embarga e aplica multa”, explica o gestor.
Contudo, o desmatamento não é o único problema a ser enfrentado. A caça ilegal de animais silvestres continua sendo uma ameaça constante à biodiversidade piauiense. Durante a mesma operação da Semarh no Sul do estado, fiscais flagraram caçadores que haviam abatido animais nativos. No local, foram encontradas armas e duas carcaças de animais.
“Essa é uma ação que a Semarh faz juntamente com a Polícia Militar e Polícia Civil do Piauí, identificando que há crimes ambientais. Há aplicação de multa para quem faz esse tipo de ilegalidade, além da apreensão desses equipamentos e, caso tenha o cometimento de algum crime ambiental, a polícia é acionada”, afirma Feliphe Araújo.
Apesar dos desafios, alguns sinais mostram que a preservação do ecossistema piauiense tem avançado. Em março deste ano, uma família de onças-pintadas — mãe e dois filhotes — foi registrada pelas câmeras de monitoramento ambiental do Parque Nacional da Serra da Capivara. O flagrante raro representa um alento para pesquisadores, biólogos, protetores do meio ambiente e para os órgãos de proteção. “Estamos protegendo nossas florestas e nosso meio ambiente para que os nossos animais sejam preservados, inclusive algumas espécies raras e que estão em extinção”, destaca o secretário.

A presença das onças é significativa, pois demonstra que, onde há conservação, há vida. Contudo, vale lembrar que o Parque Nacional da Serra da Capivara foi cenário de tragédia ambiental há poucos anos. Em 2021, um grande incêndio atingiu a região, queimando quilômetros de Caatinga, matando animais, destruindo casas e afetando comunidades inteiras. O fogo atingiu também o corredor ecológico que liga a Serra da Capivara à Serra das Confusões, considerado um dos maiores refúgios de biodiversidade do bioma Caatinga no Brasil.
Biólogos estimam que a recuperação completa das áreas afetadas pode levar de 10 a 20 anos. Para reduzir esse tempo e minimizar os impactos, o governo estadual tem investido na formação de brigadistas, entrega de equipamentos e reforço das parcerias com Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e prefeituras. “Diante do pós-acontecimento, além do reflorestamento, temos um projeto de plantação de mais de um milhão de mudas por ano”, explica o secretário.
